Monção: São Jorge voltou a vencer a Coca
Monção: São Jorge voltou a vencer a Coca
Chegou a temer-se o insólito este domingo, no anfiteatro natural do Souto, em Monção. São Jorge voltou a vencer, mas o triunfo do dragão (Coca) esteve mais próximo.
O combate foi dos mais longos de que há memória: 22 minutos no total.
A pouca audácia do cavalo do Santo justificou em muito a dificuldade tida pelo cavaleiro neste secular combate que estará a ser recriado consecutivamente há cerca de 500 anos, em Monção.
São Jorge entrou bem no combate. Tinha de espetar a lança por três vezes no interior da boca do dragão.
O primeiro golpe foi rápido… e a multidão aplaudia. Os outros dois é que tardaram a acontecer. Muito receio por parte do equídeo nos avanços.
Três golpes de lança. Era a a altura da espada. Para vencer, São Jorge tinha de cortar uma das orelhas ao dragão.
O combate ficou mais duro. Incontáveis investidas por parte do Santo… e nenhuma das orelhas caía.
Até que aos 19 minutos aconteceu o imprevisto. Ao ajeitar uma das orelhas da Coca, um dos operadores acabou por desprendê-la. Gargalhada geral entre o público… e lance anulado.
Para vencer, São Jorge tinha mesmo de cortar uma das orelhas a golpe de espada.
Assim aconteceu. Aos 21 minutos, o Santo e o dragão encontraram-se numa das esquinas da arena. Encurralado, São Jorge teve de atacar para escapar às investidas do dragão. O golpe foi certeiro… e a orelha caiu mesmo.
Explosão de alegria na multidão.
Reza a lenda que, sempre que São Jorge vence, o ano será de boas colheitas e de bom vinho em Monção.
Barbosa: “Colheitas difíceis são sempre as mais saborosas”
O combate entre São Jorge e a Coca encerrou o programa das Festas do Corpo de Deus, em Monção.
“O balanço é positivíssimo. Na quinta-feira, a chuva não permitiu que este combate tenha sido realizado mas valeu a pena a espera pelo domingo. Milhares de pessoas no cortejo e a assistir a este combate. Foi um dia que dignificou muito a Marca Monção”, disse o Presidente da Câmara, António Barbosa, à Rádio Ecos da Raia.
Sobre a duração do combate, Barbosa teve resposta pronta.
“Colheitas difíceis são sempre as mais saborosas. Vamos ter um ano difícil… mas com muita qualidade, e é isso que importa”, acrescentou com um sorriso.